segunda-feira, 29 de maio de 2017

AMETISTA EM GARIMPO NA BAHIA ATRAI MERCADO ILEGAL DE INDIANOS, CHINESES E JAPONESES

Ragesh é como ele se apresenta aos que operam para ele. Mas todos na mina recém-descoberta em Sento Sé e nas ruas da cidade o conhecem pelo apelido de “Indiano”. Nas primeiras semanas que se seguiram à descoberta da jazida no povoado de Quixaba, o Indiano se deslocou para lá, entrincheirou-se no quarto do Hotel da Geralda, na praça central do município, e montou um escritório informal para negociar centenas de quilos de ametista. Pessoas como Ragesh atuam no mercado clandestino de pedras preciosas como contrabandista e se articulam em uma rede que inclui ainda atravessadores e compradores.

Nos dias 17 e 18 de maio, quando O CORREIO visitou a “Serra Pelada da Bahia”, era o Indiano quem concentrava as atenções dos vendedores de pedras. Magro, estatura mediana e 40 anos aparentes, Ragesh é um sujeito discreto. Fala muito pouco e quase nunca atende alguém em pessoa. Um colaborador, de prenome Pedro, fluente em hindi, é quem serve de ponte nas negociações. Raramente é visto fora do quarto do hotel e só come a própria comida, trazida por ele na bagagem.

Quando sai do quarto, vai no máximo ao restaurante em frente, onde pede sempre a mesma coisa: coca-cola e batata frita. Sua meta na cidade não é fazer amigos nem ganhar a simpatia dos moradores de Sento Sé. No tipo de negócio em que trabalha, popularidade e proximidade demais trazem riscos altos. Até o nome – Ragesh – tem grande possibilidade de não ser verdadeiro. Ele foi para lá apenas comprar pedras. Só as de qualidade.

Para pequenos lotes, de até R$ 10 mil, o pagamento é feito em dinheiro. Valores maiores são repassados por meio de transferência eletrônica, direto para a conta. Característica dos indianos, a habilidade para negociar de Ragesh é apontada pelos que comercializam ametista para ele. Primeiro, oferece uma quantia. Nem um centavo a mais. Caso não seja aceita, tudo bem. Caso o vendedor retorne depois, disposto a aceitar a soma anterior, a oferta cai invariavelmente em cerca de 20%.

Na quarta-feira da semana passada, o entra e sai no Hotel da Geralda era intenso. Em frente ao estabelecimento, dois outros elos do mercado de pedras preciosas - os atravessadores e os compradores - não paravam de chegar com sacos cheios de ametistas brutas retiradas da Serra dos Brejinhos, onde se deu a descoberta da jazida em 18 de abril. (As informações do Correio)

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