Um e-mail enviado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, para a então ministra Dilma Rousseff, à frente da Casa Civil em setembro de 2009, alertou o Planalto de que o Tribunal de Contas da União (TCU) queria paralisar três obras da Petrobras por ter encontrado supostas irregularidades. O documento, apreendido pela Polícia Federal em um computador na sede da Petrobras, foi divulgado pela edição da revista Veja desta semana. Na mensagem, direcionada à "Senhora Ministra Dilma Vana Rousseff", Costa destaca que dados do TCU recomendam a paralisação das obras nas refinarias Abreu e Lima (Pernambuco) e Getúlio Vargas (Paraná) e no Terminal Porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo.
No texto, o ex-diretor relata que seria formada uma Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso para apurar as suspeitas. Ele relembrou, ainda, que, em 2007, o TCU propôs a paralisação de quatro obras da estatal, o que foi vetado pelo Congresso. Esta afirmativa, de acordo com a revista, sugere que a investigação não foi levada adiante após intervenções políticas.
De acordo com a publicação, a quebra de hierarquia de Costa ao escrever diretamente para o Planalto comprovaria a preocupação em manter vivo o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Em agosto, Paulo Roberto Costa aceitou um acordo de delação premiada com a Justiça.
Os depoimentos do ex-diretor causaram grande impacto na investigação. Ele revelou que a compra da refinaria de Pasadena envolveu um esquema de corrupção com pagamento de propinas, sendo US$ 1,5 milhão para ele (R$ 3,8 milhões). Em setembro, Costa delatou pelo menos 32 deputados e senadores e um governador. Os políticos teriam recebido 3% de comissão sobre o valor de cada contrato firmado pela Petrobras durante a sua gestão.
Em resposta à reportagem, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República emitiu uma nota em que acusa a revista Veja de estar à frente de “mais um episódio de manipulação jornalística que marca a publicação nos últimos anos”. A Secretaria de Imprensa afirma que Paulo Roberto Costa foi demitido da Petrobras “pelo governo da presidenta Dilma”, tal qual a própria tem dito sempre que confrontada com o escândalo envolvendo a Petrobras. “As práticas ilegais do senhor Paulo Roberto Costa só vieram a público em 2014, graças às investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público”, destaca a Presidência que nega ter tomado conhecimento das irregularidades através do ex-diretor da Petrobras.
Segundo a nota, a informação teria chegado ao conhecimento de Dilma através de informações do Congresso Nacional, em agosto de 2009, e do TCU, em 29 de setembro de 2009. Ciente dos possíveis desvios, a Casa Civil teria encaminhado a denúncia para a Controladoria-Geral da União (CGU), determinando o acompanhamento do grupo responsável pelas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em conjunto com o Ministério de Minas e Energia, e realizando reuniões de trabalho com o TCU e a Comissão Mista do Orçamento. A Presidência diz que a decisão de continuar com as obras foi tomada pelo ex-presidente Lula, que vetou a paralisação.
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