Representantes do corpo clínico da Maternidade de Referência Prof. José Maria de Magalhães Netto, localizada no Pau Miúdo, denunciaram a diminuição dos atendimentos da maternidade em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (1), na sede do Sindicato dos Médicos (Sindimed). Segundo eles, a maternidade realiza metade da quantidade de partos que fazia até maio de 2014.
"Em maio do ano passado, foram 845 partos. Já houve mês com 900. Hoje são apenas 400 a 450 partos", afirma a médica obstetra Mônica Bahia, representante do corpo clínico da maternidade. Ela diz que a diminuição dos atendimentos foi uma opção da Santa Casa de Misericórdia, gestora do hospital. "Como a Santa Casa tem defasagem no fim do contrato, optou por gastar menos. Gastar menos significa atender menos." Segundo ela, a instituição conseguiu diminuir atendimentos através de demissões, leitos parados para reforma e sugestão de encaminhamento para outros hospitais.
De acordo com Mônica Bahia, houve dez demissões na equipe de saúde, apenas em novembro. "Passamos de sete para cinco obstetras; de três para dois neonatologistas; de três para dois anestesistas; e seis auxiliares (de enfermagem) foram demitidos", enumera. A reforma dos leitos também preocupa os médicos. "Cabe à sociedade garantir que sejam realmente reformas e voltem a funcionar", diz Mônica.
Feito por enfermeiras, sob controle da gestão da maternidade, a triagem que avalia o risco da paciente é uma maneira de sugerir que a gestante procure outra maternidade, segundo a denúncia. "A paciente chega e é triada de acordo com a gravidade do quadro clínico", afirma Mônica Bahia, explicando que as gestações mais graves são classificadas com a cor vermelha, depois amarela e por fim com a cor verde, a menos grave. "A paciente vermelha vai ser atendida, a amarela também. As outras, vai ser sugerido que elas procurem outra unidade ou então vão ter que ficar esperando", conta.
Os médicos da maternidade denunciam ainda que o ambulatório de pré-natal está fechado para novas pacientes desde o dia 1º de dezembro de 2014, completando um ano. Segundo eles, a unidade era a única, além do Hospital Geral Roberto Santos, que realizava pré-natal de alto risco.
O representante do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Otávio Marambaia, acredita que a diminuição dos atendimentos da maternidade José Maria de Magalhães vai repercutir em outras maternidades. "A unidade atende pacientes em condições de parto complexas. Quando você reduz os leitos daquela maternidade que pega os casos mais complexos, isso obviamente vai sobrecarregar as outras unidades que não têm a estrutura para atender esse tipo de paciente. Vai implicar em complicações, em perdas de vida", afirma. Salvador tem outras cinco maternidades públicas.
Santa Casa - Em seu site, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) informou nesta segunda-feira (30) que a maternidade está atuando com "plena capacidade assistencial", com uma taxa de ocupação superior a 90%. A nota também afirma que 185 leitos estão sendo reformados, seguindo um cronograma em sistema de rodízio, retirando 10 a 15% de cada enfermaria até que atinja esse número. A maternidade possui 257 leitos, além de 58 leitos em unidades especiais.
O superintendente de saúde da Santa Casa da Bahia, Eduardo Queiroz, disse que 70% dos atendimentos realizados hoje são de alto risco e que isso requer maior atenção e maior tempo de internação, o que, segundo ele, explica a queda no número de partos. De acordo com ele, são realizados entre 500 e 600 procedimentos na unidade. "Estamos fazendo ainda uma adequação na carga horária dos funcionários, com base em estudos que apontam em quais áreas são necessárias essas adequações, de modo que não afete a qualidade do atendimento já oferecido", afirmou o superintendente. (As informações do Correio)
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