Os baianos mal puderam comemorar o anúncio do fim da cobrança extra no sistema de bandeiras tarifárias sobre as contas de energia. Nesta terça, 19, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a mesma que deu a boa notícia da bandeira verde no final do mês passado, anunciou a aprovação do reajuste de 10,82% para as contas de consumidores residenciais da Coelba. Para o segmento industrial, o aumento será de 10,64%. A nova tarifa já entra em vigor nesta sexta, 22.
O aumento será sentido nas contas de 5,7 milhões de clientes da Coelba em 415 dos 417 municípios baianos. Isto porque dois municípios (Jandaíra e Rio Real), no noroeste do estado, escaparam do reajuste por serem atendidos pela Companhia Sul Sergipana de Eletricidade (Sulgipe), cujas tarifas são atualizadas em dezembro. No caso da região metropolitana de Salvador, foi justamente a energia elétrica, com queda média de 8,55% do preço no mês passado, a principal responsável por ter puxado a inflação para baixo, com registro até de deflação (variação negativa).
"Não deu nem para aproveitar, pois a Coelba agora já vai aumentar a tarifa", lamentou a secretária-executiva Jeane Hurtado, que paga, em média, R$ 220 mensalmente na conta da energia, morando com o marido e o filho adolescente, tendo em casa chuveiro elétrico, dois televisores, geladeira, micro-ondas, computadores e jogos eletrônicos, entre outros.
Em nota, a Coelba simulou como se dará o reajuste para consumidores residenciais: um consumo convencional de 100 kWh/mês, por exemplo, terá conta reajustada de R$ 53,34 para R$ 59,11. A companhia ressaltou, entretanto, que, "além dos valores de tarifas fixados pela Aneel, são cobrados na conta de energia os impostos (ICMS, PIS e Cofins) e as bandeiras tarifárias, que neste mês está verde, sem acréscimo. Há ainda a cobrança na conta da contribuição de iluminação pública (CIP), tributo cobrado pelas prefeituras.
Empresas - Na Bahia, o reajuste foi criticado pelo presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-BA), Carlos Andrade. "Falta sensibilidade do governo no momento crítico da economia, com aumento de mais de 10% na energia, penalizando ainda mais o setor, sobretudo no ramo de serviços, como restaurantes e hotelaria, por exemplo", afirmou. Andrade ressaltou que, além dos custos com as contas de energia, os estabelecimentos comerciais geralmente ainda acabam pagando a mais, com o repasse do insumo para os preços da indústria.
Sem repasse - O coordenador do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Marcos Galindo, salientou que o reajuste anual da Coelba já era esperado para abril. "O fato positivo é o alento de não termos, pelo menos, a bandeira vermelha, com a cobrança extra elevada", frisou. Ele lamentou, entretanto, que a obrigatoriedade do reajuste seja mantida, "mesmo diante do ambiente adverso para a economia".
Para Galindo, no entanto, será justamente a recessão econômica que, por outro lado, vai servir de freio para evitar que o reajuste seja repassado para os preços dos produtos. "Diante da queda brusca do poder aquisitivo do brasileiro, o mercado já não comporta novos aumentos em cadeia, representando, assim, mais um custo penoso a ser absorvido pelo setor produtivo na medida do possível", explicou. (As informações do A Tarde)
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