terça-feira, 24 de dezembro de 2013
ARTIGO: O PRIMEIRO, O ÚLTIMO, O ÚNICO NATAL
Dom Murilo Krieger,
O Natal é muito mais do que a celebração de um acontecimento que nos é familiar. Cada ano somos convidados a vivê-lo como se fosse nosso primeiro Natal; somos chamados a celebrá-lo como se fosse nosso último Natal; devemos nos preparar para ele como se fosse nosso único Natal.
Para os que não aceitam Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador, o Natal é, simplesmente, uma festa que lhes recorda momentos da infância, marcados por expectativas, presentes e apelos à confraternização. “Boas festas!”, repetirão a parentes e amigos. Haverá mais alegria em seus lares e crescerá neles a convicção de que as pessoas são melhores do que se pensa; falta-lhes, tão somente, a devida oportunidade para manifestarem sua bondade.
Para os que aceitam Jesus como Salvador, atualiza-se o convite para repetirem o gesto de Maria e de José, dos pastores e dos magos do Oriente, que abriram as portas de seu coração ao Menino que lhes tinha sido dado.
O Natal é a comprovação do amor do Pai por nós. Ele nos dá um dom. Melhor: se faz dom em Jesus. Pede-nos, em troca, a transformação de nossa vida. Jesus vem até nós para que tenhamos a capacidade de acolher a todos como irmãos, com uma atenção especial ao pobre e ao excluído da sociedade – isto é, aos que necessitam de nós para saírem da situação em que se encontram. Ele deseja também que o acolhamos como ‘Senhor’, não admitindo outros ‘deuses’ em nossa vida.
No Natal, Deus não vem tirar nossa liberdade. Continuamos livres. Podemos até nos desviar de seu caminho, seguindo nossas próprias estrelas. Ele respeitará nossas decisões e não nos impedirá de escolher o mal, mesmo que, dessa forma, contrariemos seus planos. Vinte e sete séculos atrás, o profeta Isaías, surpreso, perguntou-lhe: “Por que nos deixaste andar longe de teus caminhos?” (Is 63,17). Tempos depois, foi o evangelista João que chamou a atenção de todos para a rejeição de Deus por parte da humanidade: “Veio para o que era seu, mas os seus não o acolheram” (Jo 1,11). Outro evangelista, Lucas, foi mais explícito: registrou que a primeira casa do Salvador foi uma gruta, e seu berço, uma manjedoura, já que não havia lugar para ele na cidade (cf. Lc 2,7).
Estudiosos do futuro procurarão saber como a geração do nosso tempo preparou e viveu este Natal: soube acolher o Menino que lhe foi dado? Ou, como os habitantes de Belém, não acolheu o presente de Deus? Lançando um olhar sobre nossa cidade e nossa família, e desejando conhecer o que se passa no coração de nossos contemporâneos, perguntemo-nos: é clara, no coração das pessoas, a consciência de que cada Natal é único?
Neste Natal de 2013, “um Menino nos é dado” (Is 9,5). Saibamos acolhê-lo, amá-lo e adorá-lo.
*Dom Murilo Krieger é Arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia
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