No fundo, no fundo, elas sabem... As chances de os filhos estarem vivos são pequenas. Mesmo assim, só se referem a eles no presente, nunca no passado: “É um bom menino. Sempre existem aquelas amizades ruins, mas é um bom menino”, afirma uma. “Ele tem problema de sinusite e naquele dia não foi trabalhar com o pai”, diz outra. “Meu filho tem 20. Quando sumiu tinha 19”, afirma uma terceira.
A esperança dessas mães talvez nunca morra. Por isso, depois das reportagens publicadas no CORREIO sobre o desaparecimento de Geovane, após abordagem policial na Calçada, elas resolveram fazer coro com seu Jurandy, pai do rapaz. “Cadê Jean? Cadê Sérgio Luiz? Cadê Luiz Ricardo? Cadê Rildean? Cadê Mateus?”, perguntam, inclusive em frases gravadas em camisas.
Todas relatam o sumiço dos filhos após abordagens policiais ou ações de homens armados usando brucutus, com viaturas da polícia ou carros “chapa fria”. Elas não têm um vídeo como prova, como seu Jurandy. Mas se baseiam em relatos de testemunhas e no “modus operandi” dos sequestros.
Ao rodar presídios e hospitais, pular de órgão público a outro, circular por corregedorias, essas mães-coragem dizem não se cansar de enfrentar o preconceito nas repartições e a morosidade das investigações. “Quero meu filho! Nem que seja o corpo dele”, concordam.
Alguns casos são investigados pelo Grupo de Controle da Atividade Policial (Gacep), do Ministério Público. Em um documento do MP, quando fizeram um protesto, as mães relatam descaso até de delegados. “O protesto é devido à insatisfação de todos que tiveram parentes e amigos desaparecidos com relação à atividade policial. Inclusive relatam descaso, até a ocorrência de ofensas à memória dos desaparecidos por delegados de polícia”.
O que diz a polícia Procurada sobre os cinco casos, a Polícia Civil informou, em nota, que os inquéritos estão “em andamento”, mas não há indicativo de autoria ou motivação. As principais dificuldades, diz a nota, são: “a ausência de testemunhas, que não querem se expor e têm muita dificuldade em comparecer à delegacia. Informações desencontradas e ausência de provas materiais, como imagens de câmeras de segurança, também dificultam a elucidação”. (As informações do Correio)
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