domingo, 28 de dezembro de 2014

FAMÍLIA NÃO CONSEGUE LIBERAR O CORPO DE BEBÊ DE GRÁVIDA MORTA EM ACIDENTE DE MOTO

Além da dor pela perda de Emanuela Sucopira da Silva, 23 anos, e do bebê de seis meses que ela esperava, a família da dona de casa encontrou dificuldades para a liberação dos corpos para o enterro. Isso pela ausência de uma certidão de nascimento da criança que, segundo a família, teria sido considerada natimorta. Emanuela caiu da moto em que estava junto com o marido, Alan Pereira Batista Filho, após um choque com outro veículo do tipo. Ela foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE) com um sangramento intenso no rosto e morreu às 14h. Após a morte, os médicos realizaram uma cesariana para retirar o bebê.

Segundo a família, o hospital informou que a criança, uma menina, nasceu sem vida. “Os médicos disseram que ela nasceu morta e por isso não tinha como emitir nenhuma certidão”, explicou a cunhada de Emanuela, Daniele Batista, 20 anos. Mas, na sexta-feira à noite, quando tentavam liberar os dois corpos, foram informados no Instituto Médico-Legal (IML) de que era necessária a certidão de nascimento da criança porque a autópsia constatou a presença de oxigênio no pulmão do bebê. “Ela viveu, mesmo que tenha sido por um segundo, mas respirou e por isso precisa da certidão, só que o HGE não quer fornecer o documento que diz isso”, disse Daniele, junto com a família que passou toda a manhã de ontem se dividindo entre o IML e o HGE para resolver o problema.

Segundo ela, a coordenação do IML chegou a manter contato com a direção do HGE para explicar a situação, mas ainda assim o hospital não voltou atrás. Depois de tantas recusas, a família fez um protesto na porta do hospital na manhã de ontem. O marido de Emanuela, Alan Pereira, afirmou que, depois disso, foi chamado pelo diretor do HGE, André Luciano Andrade, que tentou justificar a presença do oxigênio no pulmão do bebê. “Ele me disse que foi feito um procedimento de reanimação, que havia sido constatado sinais vitais e que fizeram a reanimação e que, por isso, acharam oxigênio”, afirmou.

Segundo Alan, logo depois, uma coordenadora do HGE foi até o IML levar um novo laudo que explicava sobre os procedimentos realizados no bebê. Só aí o instituto autorizou a liberação do corpo da criança. “Nós não iríamos enterrar Emanuela sem a filha. Nós já tínhamos lutado para conseguir enterrar as duas no mesmo caixão e sepultura e ainda passamos por todo esse sofrimento. Nem pudemos chorar a nossa dor”, afirmou Daniele Batista.

A reportagem do CORREIO esteve no HGE, onde tentou esclarecer a situação, mas foi informada que não havia ninguém no local para tratar do assunto. Além disso, tentou contato por telefone com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), mas não obteve êxito. O enterro das duas, que estava marcado para as 11h de ontem, teve que ser remarcado para as 15h de hoje, no Jardim da Saudade.

A família pretende ir até o Ministério Público para pedir apuração sobre a morte do bebê e o atendimento prestado. Eles também pedem justiça pela morte da jovem, que, acreditam, não teria sido acidental. A família diz que o outro envolvido no acidente empinou a moto em cima do casal e depois teria fugido. A reportagem não encontrou registro do ocorrido na 4ª Delegacia Territorial (São Caetano), que cobre a área.

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