O executivo Júlio Camargo, da empresa japonesa Toyo Setal, afirmou em novo depoimento à Polícia Federal, no dia 8 de abril, que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu interveio pela contratação da empresa junto ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e atuou na sinalização de negócios da estatal com o governo da Venezuela. O depoimento faz parte do material encaminhado pela Polícia Federal na última segunda-feira (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF) relativo aos inquéritos da Operação Lava Jato. Camargo relatou duas negociações feitas com o ex-ministro condenado no esquema do mensalão. Primeiro, ele teria procurado Dirceu após ser informado que a Petrobras iria alterar um modelo de contratação que beneficiava a Toyo, na tentativa de barrar a medida. Na ocasião, o ex-ministro teria feito "gestão junto a Gabrielli" no sentido de entender por qual razão a Petrobras iria mudar a sistemática.
Porém, mesmo com a tratativa, o modelo foi alterado. Ao jornal o Estado de S. Paulo, Gabrielli disse não se lembrar de nenhuma discussão sobre modelo de contratação da Toyo. "Não tenho a menor ideia sobre o que se refere sua consulta. Não lembro de nenhuma discussão geral sobre modelo de contratação da Toyo e é muito difícil lembrar, sem maiores detalhes”, afirmou o ex-presidente da Petrobras. No segundo momento, Camargo disse ter procurado Dirceu para solicitar que ele interviesse junto ao governo da Venezuela para resolver problemas na execução de contratos da Toyo com o país. Aos investigadores da operação Lava Jato, o executivo relatou que Dirceu indicou que conseguiria a "entrada" da Toyo com o presidente da PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, mas o comando da japonesa não autorizou as negociações.
Camargo contou também que teve cerca de 20 encontros com José Dirceu, em seu escritório ou em sua residência, e que o conheceu em uma festa, quando o petista já tinha deixado o governo Lula. Para o advogado de defesa do ex-ministro, Roberto Podval , o depoimento não traz nenhum ato irregular, uma vez que Dirceu não estava no governo e ainda porque as tratativas não tiveram resultado. (As informações do Estadão)
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