O trabalho de resgate do corpo do mototaxista Anderson Correia Carvalho, de 24 anos, será retomado nesta sexta-feira, 20. Ele e o pintor Reginaldo Silva dos Santos, 39, morreram na quinta, 19, após ficarem soterrados no silo de armazenamento de cimento, de aproximadamente 20 metros de altura, da antiga Fábrica de Cimento, mais conhecida como Cocisa, no bairro de Tubarão, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Eles furtavam no silo de armazenamento e, quando retiravam o cimento do local, o material começou a ceder, sufocando ambos, que sucumbiram nos escombros. O corpo de Reginaldo Silva foi resgatado por voltas das 12h30. O de Anderson Correia permaneceu soterrado, por causa do difícil acesso e da quantidade de cimento armazenado que poderia ceder, ainda mais, e colocar em risco a vidas dos profissionais envolvidos.
Ao todo, foram empregadas mais de 6 horas de trabalho para resgatar o corpo do mototaxista. Segundo informações da capitã do Corpo de Bombeiros Jamile Perrone, na medida em que os rapazes foram cavando, a parte de cima do silo foi cedendo. "O pessoal do bombeiro conseguiu tirar o corpo mais próximo, mas começou a ceder novamente e a equipe teve que se retirar", explicou a capitã.
A área de acesso ao local do desabamento foi isolada pela Polícia Militar, que fazia a segurança do local. A equipe dos bombeiros chegou uma hora depois do desabamento, juntamente com profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Defesa Civil, familiares e vizinhos, para acompanhar o resgate dos dois rapazes. A operação foi suspensa no início da noite.
Codesal avalia estratégia - Antônio Figueredo, engenheiro da Defesa Civil de Salvador (Codesal), esteve com uma equipe de trabalho no local do acidente, para avaliar a situação. Ele observou que o ambiente é de alto risco, pois existe uma enorme chance de o material restante desmoronar. "Estamos pensando como estratégia, trazer um caminhão-bomba, para que tenhamos acesso ao local onde o corpo do rapaz está soterrado", pontuou Figueredo. O engenheiro da Codesal contou, ainda, que a fábrica está há muito tempo abandonada e que, provavelmente, a empresa tem dono, que não tinha conhecimento dos reiterados furtos de cimento. "Eu não sabia que ia encontrar este silo cheio de cimento e uma situação dessas", pensou. Antônio Figueredo explicou que as pessoas descobriram que havia uma quantidade significativa de cimento no local e que começaram a quebrar a porta de acesso. Ele avisou que a Codesal vai tomar as devidas providências. "Vamos estudar como dificultar o acesso, para evitar este tipo de situação", finalizou.
Influência de amigos - A enteada de Reginaldo Santos, Monise Lagos, 18 anos, foi ao local juntamente com a mãe, Monalisa Nascimento, reconhecer o corpo do padastro, que deixou duas filhas e dois netos. Ela informou que o padrasto estava construindo e acredita que ele foi fazer retirada de cimento por influência de amigos. "Tem a necessidade, mas ele nunca fez isso e acho que foi por causa de alguns amigos que o chamaram", constatou.
Já o babalorixá do Ilê Axé de Ogum, Moisés Santana, 46 anos, pai de santo de Anderson Correia, disse que assim que ficou sabendo do desabamento foi ao local acompanhar e não sabia que o filho estava indo a fábrica para retirar cimento. "Ele é um trabalhador, uma pessoas de família e espero que saia vivo, pois a esperança é a última que morre", lembrou. (As informações do A Tarde)
Nenhum comentário:
Postar um comentário