Aos 463 anos, Salvador entra na adolescência como grande cidade. Cresceu demais, criou espinha no rosto, os hormônios pululam e se revolta contra a maioridade que se aproxima inevitavelmente. Queria manter-se festeira e namoradeira à beira-mar, mas precisa estudar mais para passar no vestibular de metrópole e trabalhar muito para se manter como tal.
Rebelde, protesta contra tudo e contra todos, vive de birra, mostra-se largada e desleixada aos olhos das visitas, como se quisesse envergonhar os pais. A primogênita capital do Brasil vive um momento difícil na sua inevitável transição da infância para a juventude.
Jovem, sim, 463 anos nada são diante dos milhares de anos da coroa Roma, decadente, da perua Paris, sempre exibida, ou da macróbia Pequim, sábia e viciada. Mas está crescendo pior que irmãs mais jovens, como Rio e Florianópolis, e até do que as mais caretas, como a São Paulo que se proíbe de tudo, como se esta fosse a solução para seu gigantismo.
Aos 463 anos, com todos os excessos da adolescência urbana, Salvador, ainda assim, se mantém linda e desafiadora, sem vergonha de se mostrar de corpo inteiro no ensaio fotográfico da equipe liderada pelo editor Márcio Costa e Silva neste caderno especial. Olhares sobre nossa cidade. Novos olhares. Que sirva de inspiração para os arquitetos e engenheiros de um novo tempo. E, porque não, para os políticos?
Salvador precisa de gestão, precisa de autoridade, precisa, sobretudo, de bons exemplos que venham de todos os lados. Precisa se respeitar no trânsito, parar de mijar na rua feito criança malcriada, aprender a viver em comunidade, a fazer fila, andar no passeio, respeitar diferenças, conhecer seus limites e se amar mais. (As informações do Correio)
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