O papa Francisco atacou os projetos de liberação das drogas na América Latina e acusou os traficantes de serem “mercadores da morte”. Na primeira vez que fala publicamente sobre o problema, o argentino deu as primeiras indicações de que, se seus gestos são novos e sua simpatia o transformou em ícone global, ele não está disposto a mudar posições tradicionais da Igreja.
O dia começou na basílica de Aparecida, com o papa criticando a idolatria de “poder, dinheiro, sucesso e prazer”, recomendando aos milhares de fiéis “conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria” para criar um mundo mais justo. A crítica às drogas ocorreu enquanto visitava o Hospital São Francisco, já à tarde, no Rio, e depois de se reunir com cinco pacientes tratados por dependência de drogas.
“Não é deixando livre o uso de drogas, como se discute em varias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química”, declarou. Países como o Uruguai já liberalizaram o consumo de maconha, enquanto outros na região avaliam propostas similares.
Para ele, a solução não vem da liberalização, mas de uma estratégia para “enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança ao futuro”. Na avaliação de vaticanistas, Francisco começa a revelar com esse discurso que, apesar de ser tido como reformador, adotará posturas tidas como conservadoras em diversos setores sociais e desafios.
O papa não deixou também de atacar o narcotráfico. “São tantos os mercadores da morte que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo custo. A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem.” Não é a primeira vez que um papa ataca de forma frontal os narcotraficantes. Em 2007, quando Bento XVI esteve no Brasil, ele alertou que essas pessoas “teriam de enfrentar a Deus no juízo final”. (As informações do Estadão)
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