Diferente de num típico sábado de sol, a parte mais turística da Ribeira, entre as sorveterias e o fim de linha, estava vazia, ontem. “Nunca vi isso aqui tão vazio num fim de semana”, garante o farmacêutico Vinícius Magalhães. A pasmaceira tem origem na decisão dos rodoviários de não mais parar os veículos naqueles pontos. Depois de não trafegar pelo bairro na sexta-feira, ontem os rodoviários decidiram não circular pelo Caminho de Areia para acessar a Ribeira: eles pegam a Avenida Dendezeiros e fazem a parada final na Baixa do Bonfim. Com isso, os passageiros que precisavam ir até a Ribeira tiveram que seguir a pé.
Foi o caso de Vinícius e três amigas de Santa Catarina. “Levei as meninas para conhecerem a Igreja do Bonfim e, de lá, tivemos que caminhar 50 minutos”, conta o rapaz. Ao chegar na Sorveteria da Ribeira, ao menos não havia filas. “O movimento caiu pela metade. Só vem quem tem carro ou é turista de excursão. Costumamos vender 7 mil bolas de sorvete por fim de semana. Hoje, o número vai ficar em torno de 3 mil”, lamentou o supervisor Jeferson Passos.
A orientação para pular o fim de linha da Ribeira veio do Sindicato dos Rodoviários. “A gente quer segurança para trabalhar. Pedradas e incêndio a ônibus viraram quase rotina na cidade. Quando há problemas nas comunidades, essas questões aumentam ainda mais”, explica o presidente do sindicato, Hélio Ferreira.
Isso porque, na tarde da sexta-feira, um grupo de oito homens incendiou um ônibus e o cobrador Everaldo de Oliveira Santos, 62, acabou queimado. Na quinta-feira, dois coletivos foram apedrejados. Tudo em protesto contra a morte do porteiro e garçom Fabiano Santos Souza, que foi retirado de casa (na Rua do Catende, na Ribeira) no meio da noite anterior e assassinado. O corpo foi encontrado na Baixa do Fiscal com sinais de tortura.
Já Everaldo foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE) e teve 75% do corpo queimado. De acordo com informações da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), ele passou por cirurgia na manhã de ontem, está bem e deve ter alta hoje. Outro passageiro que também sofreu queimaduras nos ataques teve alta ontem. Segundo informações da Polícia Civil, ninguém foi preso ainda, nem pela morte do garçom, nem pelos ataques aos ônibus. (As informações do Correio)
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