Dois prédios exatamente iguais, construídos com os mesmos materiais em duas áreas da mesma cidade podem apresentar custos muito diferentes. O tipo do terreno em que se vai construir e o tempo que se leva para a conclusão do trabalho podem onerar o projeto em até 20%. Para evitar gastos desnecessários, as construtoras recorrem ao orçamentista civil, uma função exercida por engenheiro, que pode ter um salário de até R$ 15 mil.
"O preço de qualquer imóvel não muda, é definido pelo valor do metro quadrado. Mas o custo é determinado por uma série de fatores e, por isso, o orçamento é importante", afirma o engenheiro Pedro Tavares Neto, que há 28 anos oferece cursos de orçamento, inclusive em outros estados.
Ele explica que o custo de um empreendimento pode ser elevado consideravelmente, por exemplo, em função do terreno. "O projeto para um prédio de três andares no Nordeste de Amaralina, onde o terreno é resistente, sai mais barato do que na Pituba, que tem terreno arenoso", afirma. Por conta dessas variações, o tempo de concretização de um empreendimento pode chegar a cinco anos, desde que ele começa a ser planejado.
"É preciso levar em conta, por exemplo, a disponibilidade de areia e brita na cidade, se vai ser necessário trazer de outro lugar, o que aumenta o custo com frete", salienta Aldo Dórea Mattos, autor do livro Como preparar orçamentos de obras, que esteve em Salvador mês passado para ministrar cursos sobre o tema na sede do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-BA).
Mattos diz que em muitos casos noticiados de obras públicas em que solicita um aditivo ao orçamento o que acontece é justamente que não foi feito um orçamento acurado: "Nem sempre se trata de corrupção, simplesmente que as previsões foram mal feitas". "Não se pode fazer uma comparação entre os custos de uma obra, pois cada uma tem suas especificidades", afirma Pedro Tavares Neto.
O diretor-executivo da Fator Realty, Marco Chompanidis, afirma que o orçamento tem um papel fundamental. "No Brasil, em uma situação normal, já é uma tarefa árdua fazer um orçamento para a execução em cinco ou seis anos. Agora, com essa crise política e econômica, fica ainda mais complicado", afirma o executivo, que nesse momento controla a execução de quatro obras da empresa, todas no Loteamento Aquarius.
Leis de mercado - Ele pontua que é a partir do orçamento que o empreendedor vai ter a noção exata sobre se vale a pena ou não construir o empreendimento, cujo preço de venda é determinado pelas leis de mercado. Se a obra sair mais cara, não se pode repassar a diferença para quem vai adquirir o imóvel. "É isso que vai dizer se o seu empreendimento vai ser um sucesso ou um fracasso", afirma.
Como receita para evitar que haja aumento nos custos, Chompanidis recomenda a negociação com fornecedores de material de construção. "Nesse momento de crise, os fabricantes têm que ser mais flexíveis", afirma. "Metade dos custos é com material e a outra metade é com mão de obra", pontua o executivo.
Outra medida sugerida pelo executivo é o controle de despesas menores. "A conta de luz e de água tem um peso mínimo no orçamento. Mas qualquer redução que se faça nos custos vale a pena", diz. Segundo ele, com um orçamento bem ajustado e uma política de redução de perdas, é possível diminuir em até 20% o custo de um empreendimento. "Coisas como usar lâmpadas LED, por exemplo, podem ajudar", ressalta. (As informações do A Tarde)
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