Às vésperas da apresentação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, o Solidariedade decidiu tirar o deputado Major Olímpio (SP) da vaga de titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado que vai discutir a admissibilidade do pedido. Com um forte discurso de oposição, Major Olímpio foi substituído pelo líder da bancada, Áureo (RJ).
Com a mudança, Major Olímpio vai para a suplência e não poderá ter seu voto contabilizado na análise da admissibilidade, a menos que um titular da bancada falte na sessão. Major Olímpio não só vinha fazendo críticas pesadas ao governo, como já havia anunciado que votará a favor da denúncia.
Áureo alegou que a decisão foi tomada na primeira quinzena do mês e que a mudança foi concretizada há alguns dias. No sistema interno da CCJ, no entanto, a troca só passou a valer a partir desta segunda-feira, 26. Segundo Áureo, seu único objetivo é viabilizar o andamento de seus projetos na comissão, uma vez que o "peso" da titularidade o beneficiaria.
O líder do Solidariedade disse que, ao virar titular, sua prioridade será brigar pela relatoria de um projeto relacionado ao fim de franquia da banda larga. "O Major Olímpio continua com toda a atuação dele na CCJ e vai poder expor a posição em que ele acreditar, com todo o respeito do partido", afirmou. Áureo admitiu que sua permanência como titular não é definitiva.
Major Olímpio foi informado pela imprensa sobre a troca e disse que a situação lhe causava estranheza, uma vez que não foi informado pela sigla. "O partido não teve consideração comigo", reclamou o parlamentar, que já pensa em deixar a legenda. Ele avisou que continuará participando das reuniões das comissões e que protestará. "Eu vou continuar repetindo, sair gritando: vergonha Dilma! Vergonha Lula! Vergonha Temer e vergonha o que está acontecendo", disse.
Essa é a segunda vez que Major Olímpio é retirado da CCJ por determinação do partido. A primeira vez foi em 2015, porque o parlamentar era favorável à cassação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista era aliado de primeira hora do presidente do partido, deputado Paulo Pereira da Silva (SP). Desta vez, Olímpio disse não acreditar que a mudança está relacionada aos projetos de Áureo.
"Eu fui pego totalmente de surpresa. Fica um negócio triste para mim porque eu gostaria de pelo menos não ser o corno da história, o último a saber. Isso me entristece, eu gosto do partido, mas eu acho que um pouquinho de consideração é bom em relação às pessoas", reclamou.
Embora seja líder de um partido da base governista, Áureo destacou que votou contra a reforma trabalhista e que tem voto declarado contra a reforma previdenciária, mas que ainda não formou opinião sobre a denúncia porque não conhece o seu teor. "Eu não estou gostando dessa forma de denúncia fatiada. Acho que isso não é coerente com o momento em que a gente vive no Brasil. Aí parece que não é uma denúncia, é mais uma guerra jurídica de poder, de conflitos. É um poder tentando pressionar a Câmara dos Deputados", criticou. (As informações do Estadão)
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