O crescimento discreto da receita associado ao ambiente altamente competitivo pressionou a rentabilidade das operadoras de telecomunicações ao longo de 2013, levando as empresas a buscarem alternativas para a recuperação do faturamento e das margens. A principal estratégia será reforçar a atuação nos segmentos de maior valor agregado e que têm mostrado forte demanda entre os consumidores.
Isso aponta, na prática, para os serviços de dados para dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Em 2013, as empresas conseguiram expandir moderadamente as suas receitas na comparação com 2012, de acordo com os balanços de Telefônica Vivo (+2,4%), TIM (+6,2%), Claro (+8,1%) e Oi (+1,0%). No entanto, a rentabilidade das operações no ano recuou, conforme mostram os dados da margem Ebitda (margem do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A Telefônica Vivo perdeu 3,7 pontos porcentuais, TIM 0,6 pp, e Claro 0,4 pp.
A Oi conseguiu crescer 2,2 pontos com a contribuição não recorrente da venda de ativos. “Realmente estamos vendo uma desaceleração nas taxas de crescimento das operadoras”, afirmou o especialista em telecom da consultoria Frost & Sullivan, Renato Pasquini. “Isso é resultado de um misto de menor crescimento da economia brasileira, limitações por aspectos regulatórios e mais competição entre as operadoras”, apontou. Do ponto de vista econômico, o ano de 2013 foi marcado pelo baixo nível de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que afetou os níveis de consumo da população. Em paralelo, o mercado de telefonia móvel deu sinais de saturação.
O total de linhas ativas no País chegou a 271,1 milhões no fim de 2013, uma expansão de apenas 3,5%, enquanto em 2012 esse avanço foi de 8,1%, de acordo com pesquisa da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isso indica que há pouco espaço para a ativação de novas linhas, até porque muitas pessoas já têm mais de um chip ativo. Do ponto de vista de competição, as operadoras consolidaram a oferta de chamadas de voz e internet sem limite, por um preço único, diário ou semanal.
A estratégia ajudou a atrair e segurar clientes, mas restringiu o crescimento da receita por usuário, segundo avaliação de Pasquini. “A maioria dos clientes aderiu a esses planos, que limita os seus gastos. É bom para o consumidor, mas limitador para empresas”, disse. Os ganhos das operadoras também sofreram o baque provocado pela redução das tarifas de interconexão, cobradas na ligação de telefones fixos para móveis.
O corte determinado pela Anatel foi de 8,8% em 2013. Em 2014 e 2015, haverá mais duas reduções na tarifa, de cerca de 13% em cada ano. $Alternativas$ O caminho apontado pelas operadoras para recuperar o faturamento é apostar nos serviços de dados (jogos, música, vídeo, aplicativos, entrSmare outros) e, em alguns casos, nos pacotes de TV por assinatura, que têm forte demanda entre os consumidores. A TIM e a Telefônica Vivo, por exemplo reportaram alta de 17% e 19%, respectivamente, nas receitas de dados no quarto trimestre. “Existe, sim, a crença e o planejamento de manutenção no ritmo de crescimento da receita de dados”, afirmou o diretor-presidente da TIM, Rodrigo Abreu, durante conferência neste mês com analistas e investidores.
“Estruturalmente, ainda existe potencial de crescimento entre usuários que não são usuários de dados”, afirmou o executivo, atentando para o fato de que a grande maioria da população ainda utiliza celulares pré-pagos e não teve contato com os atrativos da internet móvel. “Entendemos que a tendência mundial da telefonia é o uso de dados. O nosso foco tem sido garantir uma boa experiência nessa utilização”, afirmou o presidente da Claro, Carlos Zenteno. (As informações do Estadão)
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