A prisão do marqueteiro das três últimas campanhas presidenciais do PT, João Santana, animou partidos de oposição e a ala antigovernista do PMDB na Câmara a se reorganizarem para tentar impulsionar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Na manhã de ontem, líderes oposicionistas se reuniram para criar um “comitê do impeachment”. A ideia é delegar às legendas do grupo coordenações temáticas de mobilização de rua, marketing e acompanhamento de votações. O comitê deve recolher recursos pela internet para financiar materiais como o “pixuleco”, boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário.
“O episódio desta segunda-feira fortalece as teses do TSE e do impeachment”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), um dos idealizadores do comitê. “Fica constatado que o PT continua fazendo caixa 2 com dinheiro ilícito, pagando no exterior os seus marqueteiros desde Duda Mendonça”, afirmou o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM). Ainda ontem, a frente oposicionista decidiu se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para solicitar que o trâmite do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff seja destravado. O processo, iniciado em dezembro passado, foi esvaziado pela decisão do STF que suspendeu seu rito.
No momento, a Corte analisa recursos contra a decisão apresentados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Vamos reunir uma representação grande da Câmara para pedir ao presidente do Supremo que os embargos sejam julgados, não podemos ficar eternamente sem a definição”, afirmou o líder da bancada do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). O encontro ainda não tem data.
O tucano disse acreditar que o pedido será retomado com força após a prisão do marqueteiro. “Ele é o principal conselheiro dela (Dilma), ela o ouve até mais do que ouve o Lula”, disse Imbassahy à Folha de S.Paulo. Em outra frente de ataque, o PSDB protocolou ontem um pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o resultado da Operação Acarajé seja acrescentado ao processo em que a legenda pede a cassação da presidente Dilma e do vice Michel Temer.
Nas investigações, a Lava Jato cruzou documentos enviados dos Estados Unidos com provas de fases anteriores e números da Receita, no intuito de comprovar que o marqueteiro e sua mulher e sócia, Mônica Moura, são donos da offshore Shellbill, aberta no Panamá, por onde passaram US$ 7,5 milhões depositados pela Odebrecht e o operador de propinas Zwi Skornicki. A suspeita é de que esse dinheiro foi desviado de contratos da Petrobras.
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