Reunido por duas horas com artistas e intelectuais de esquerda, próximos ao PT, o ex-presidente Lula chamou a militância histórica a "reagir aos ataques" contra o governo e o partido. O ex-presidente fez um panorama sobre a conjuntura do País, fez críticas à política econômica do governo e classificou como "derrota" a votação de mudanças no marco legal do pré-sal, na última quarta-feira. Ainda assim, pediu "respeito" a Dilma Rousseff. Segundo os participantes, Lula não aprofundou análise sobre a votação das mudanças no pré-sal, mas se disse contra o projeto aprovado e classificou o resultado como uma "derrota" do governo.
"Ele disse que seria impossível ao governo e ao PT votar frente uma coalizão formada entre PSDB e PT", indicou o ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, organizador do encontro. Após sinalizar oposição ao projeto, o ex-presidente teria dito que era preciso "respeitar" a presidente Dilma Rousseff, que teria "suas razões" diante das pressões relacionadas ao tema. Em outros momentos, apesar das críticas à condução econômica, Lula pediu "apoio e ajuda" à presidente e ao governo. O ex-metalúrgico reforçou o discurso de que a crise brasileira deriva do contexto internacional, citando particularmente a China e os impactos de sua desaceleração no País.
"Ele sugeriu, ao invés dos cortes no orçamento, financiamento pelo Estado e aposta no mercado interno. Disse que não há espaço para disputar o mercado internacional", afirmou Roberto Amaral, na saída do encontro. O debate ocorre em paralelo à programação de aniversário do PT, que realiza na cidade encontro do diretório nacional e uma festa, marcada para a noite de sábado. Cerca de 50 pessoas acompanharam o encontro, entre elas o diretor teatral Aderbal Freire Filho, os cineastas Silvio Tendler e Luiz Carlos Barreto, o músico Tico Santa Cruz, o escritor Fernando Morais, além de políticos como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), professores e ativistas. Em tom "animado e combativo", Lula relembrou a própria trajetória como presidente e condenou a corrupção, sem citar especificamente as investigações da Operação Lava Jato. O ex-presidente também se disse vítima de "ataques", em referencia às denúncias de ocultação de patrimônio, como o aparamento triplex no Guarujá.
Ele reiterou não ser proprietário do imóvel, e disse que vai processar os promotores do caso. "Ele condenou a corrupção, sem dúvida. Mas também os ataques, sobretudo o absurdo maior que é a história do apartamento, que ele disse não ser dele", afirmou o professor Luiz Pinguelli Rosa, da UFRJ. "Estava combativo e animado. Acho que vai ser candidato em 2018", pontuou. O ex-presidente abriu o encontro com um discurso focado na "batalha da comunicação", como se refere à disputa pela narrativa política. Segundo os participantes, o ex-presidente indicou que seria preciso usar "as ferramentas da internet" para "reagir" aos discursos contrários ao partido e ao governo, sobretudo veiculados pela imprensa. Lula também ouviu críticas ao governo e a falta de "ações concretas" para sair da crise.
Os participantes enfatizaram a necessidade de o governo da presidente Dilma Rousseff "sair da defensiva". "É preciso uma tomada de posição mais firme do governo para reverter o atual estado das coisas. Há um massacre violento", avaliou o ator Osmar Prado, também militante do partido. "Acho que é preciso termos uma postura crítica entre o que foi feito de bom e os erros", completou. (As informações do Estadão)
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