Entre os 7,1 milhões de inscritos de vários cantos do País nesta edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), há 5.061 candidatos estrangeiros. Quase um terço deles (1.644) está em São Paulo, Estado que concentra o maior número de inscritos do exterior, seguido de Paraná (511), Rio de Janeiro (468) e Rio Grande do Sul (379).
O Ministério da Educação não tem dados sobre as nacionalidades ou o total de estrangeiros nas outras edições. Pela nota do exame, os inscritos do exterior poderão tentar vagas em instituições públicas. Já o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), que usam a nota do Enem como critério para dar bolsas ou emprestar recursos para alunos de graduação, preveem a participação só de brasileiros natos ou naturalizados.
Atrás do sonho de cursar Medicina, Marc Arthur Fatal, de 19 anos, deixou o Haiti há 11 meses para tentar vestibulares em São Paulo. O primeiro desafio fora de casa foi o idioma. “Não falava nada de português. Comprei livros e aprendi a língua no dia a dia”. Para se concentrar nos livros, o jovem deixou o emprego nas últimas semanas e agora paga as contas com a ajuda do pai.
Na busca pela vaga, o Enem é só o começo da maratona de provas de Fatal, que também se inscreveu na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Quero estudar em uma boa faculdade pública, que sempre é muito disputada. Não consigo bancar uma particular”.
Testemunha da polêmica causada pelo programa Mais Médicos o haitiano não teme ser hostilizado por colegas caso entre em uma universidade. “Se passar foi porque mereci”. A resistência da categoria aos médicos do exterior, para ele, foi corporativismo. $Preparação intensa$ O domínio do idioma não foi um desafio para Emerson Gaspar, de 19 anos, de Angola. Como fez o ensino médio no Brasil e mora no País há mais de três anos, ele leva vantagem sobre outros estrangeiros, menos adaptados a questões de atualidades. História e Geografia foram os principais desafios quando chegou. “Em Matemática também havia conteúdos dados de forma diferente em Angola”, lembra Gaspar, que tenta Engenharia Civil.
Na reta final de preparação, ele preferiu acelerar o ritmo do que descansar. “Às vezes acordo de madrugada para estudar um pouco mais e rever conteúdos”, diz Gaspar. “Também tenho feito muitas redações”. (As informações do Estadão)
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