Cerca de 100 pessoas uniram forças para impedir a prisão de Caio Oliveira Coutinho, 20 anos, estudante do Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes na tarde desta sexta-feira (31). Por volta das 15h30, Caio foi abordado por policiais não identificados da Polícia Civil, na Praça da Piedade. A população chegou a levar o jovem para dentro do curso pré-vestibular Grandes Mestres. Minutos depois Caio foi levado para a delegacia por uma guarnição da Polícia Militar.
Segundo Eliane Silva, de 35 anos, que testemunhou a cena, tudo aconteceu no semáforo da Av. Sete de Setembro, na altura da Praça da Piedade. "Ele começou a atravessar com o sinal perto de fechar para pedestres. Aí fechou e ele começou a correr. O carro avançou e ele levantou os braços como se perguntasse 'vai me atropelar?'", conta. O carro, uma pick-up prata, era da Polícia Civil, mas não tinha identificação.
De acordo com Eliane os policiais desceram do carro armados e mandaram Caio encostar e colocar as mãos na cabeça. "Revistou uma vez, revistou outra, até os cadernos, tentando achar drogas, maconha. Eles (os policiais) nunca se identificaram", afirma. Outras testemunhas confirmaram o depoimento de Eliane. Contam ainda que um dos policiais deu um tapa em Caio. "Um deles tomou o celular (de Caio), o rapaz chorou, a população foi defender", lembra Eliane.
Apesar de não achar nada na revista, os policiais tentaram levá-lo. Nesse momento a população reagiu com mais veemência. Comerciantes locais, transeuntes e estudantes do curso pré-vestibular Grandes Mestres conseguiram impedir a prisão de Caio. "A polícia só não levou porque os estudantes do cursinho puxaram ele para dentro", conta testemunha.
Poucos minutos depois uma guarnição da Polícia Militar foi ao local e levou Caio para a 1ª Delegacia (Barris), por desacato à autoridade. Parte das testemunhas se dirigiu para a delegacia. Uma delas chamou um advogado para defender o estudante.
Segundo o delegado Artur Ferreira, os policiais militares contaram que Caio os "chamou para briga". Ferreira conta ainda que, após conversa na delegacia, o inquérito por desacato foi descartado. "A ocorrência foi registrada como não delituosa", afirma. Caio, que vestia a farda do colégio, foi liberado às 17h15. Ele decidiu não prestar queixa contra os policiais civis. Caio também não quis ceder entrevista. "Estou muito nervoso", disse.
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