O aliciamento de jovens jogadores no futebol brasileiro é uma prática corriqueira, mas que tem diminuído desde o ano passado, quando os 40 clubes que integram as séries A e B do Campeonato Brasileiro se uniram para tentar moralizar a formação de atletas no país. Porém, os clubes reclamam que o São Paulo não tem respeitado o acordo entre as agremiações e prometem um boicote ao time paulista. A primeira atitude seria a não participação na Copa 2 de Julho, evento realizado anualmente na Bahia, caso o São Paulo, que participa todos os anos, esteja presente na edição 2013 da competição.
"Já avisamos a Copa Dois de Julho: se o São Paulo, que vem todo ano vier, Vitória e Bahia não vão jogar a competição, assim como outros grandes clubes", garante João Paulo, coordenador das divisões de base do Vitória e um dos membros de uma comissão criada em abril de 2012 para conduzir o processo de moralização. Ao lado dele na comissão, Carlos Brazil e Marcos Biasotto, do Flamengo, e André Figueiredo, do Atlético-MG. Na época, Ney Franco, atual técnico do São Paulo, foi quem reuniu os dirigentes na Conderação Brasileira de Futebol (CBF) para formação de uma junta diretora.
"Essa sempre foi uma briga nossa. O Vitória é um dos clubes que mais foram lesados com isso, com vários jogadores roubados. O Vitória não teve como competir com Santos, Internacional, em alguns casos... O grande problema era ético mesmo, de pegar jogador praticamente pronto. Ficou instituído um código de ética de que ninguém roubaria de ninguém ou as equipes não iam participar dos torneios que essa equipe (aliciadora) iria jogar, além da CBF não convocar mais os jogadores desse clube. Desse ano para cá teve só o caso de Mosquito, que foi oferecido a várias equipes pelo seu empresário e todas diziam não. Aí o Atlético-PR feriu o acordo e tiramos o clube de dois torneios no ano passado. O Atlético-PR fez acordo com o Vasco e está liberado", explica João Paulo.
A bola da vez é o São Paulo, que tem sido acusado de quebra o acordo. As queixas de assédio a jogadores da base partem de Vasco, Grêmio Prudente, Ponte Preta, Coritiba, Corinthians, Grêmio Osasco, Cruzeiro e Goiás. "Quando saiu de lá, Renê (Simões, atual dirigente do Vasco) avisou que o São Paulo poderia voltar e é o que está acontecendo. Já levaram jogadores do Vasco, do Corithians, do Coritiba, que conseguiu que o atleta voltasse, do Goiás...", revela o dirigente rubro-negro, que critica a falta de posicionamento da diretoria são-paulina.
"A gente está sem contato. Já teve três reuniões e o São Paulo não mandou representante. Eles estão recebendo emails. Hora nenhuma eles se manifestaram. A Ponte, que teve três roubados, mandou carta ao presidente Juvenal e até hoje não teve resposta. O São Paulo não se pronuncia de nada. O São Paulo continua atacando, já que o caso do Goiás aconteceu outro dia. Falei com Mota (Newton Mota, diretor da base do Bahia) e não muda nada", disse. A Copa 2 de Julho deve ser disputada de 1 a 13 de julho e os clubes dizem que o boicote ao São Paulo pode abranger também outros torneios, como a Taça BH e a Copa São Paulo, ambas sub-20.
João Paulo acredita que o respeito ao acordo de cavalheiros feito pelos clubes é importante para o futebol brasileiro. "Com esse acordo acabou isso de vantagem financeira, vai aparecer o melhor trabalho. Você não pega mais jogador pronto". (As informações do Correio)
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