O Coletivo de Entidades Negras (CEN) divulgou nesta segunda-feira (22) uma nota repudiando o uso do nome "acarajé" para batizar a 23ª fase da Operação Lava Jato, que teve mandados de busca e apreensão cumpridos na Bahia, entre outros estados. "Nosso repúdio vem no sentido do total desrespeito religioso a um elemento sagrado do candomblé, desrespeitando assim, de forma acintosa, toda a tradição e história dessa religião no Brasil", diz nota divulgada pelo coletivo, que exige "imediata alteração" do nome da operação.
Para a organização, o uso da palavra "acarajé" faz com que a religiosidade do candomblé fique vinculada a uma operação criminal. "Isso, para nós e toda nossa comunidade religiosa, é inaceitável". O principal alvo dessa fase da operação é o publicitário baiano João Santana, responsável por várias campanhas presidenciais do PT. A Polícia Federal afirmou em nota que a fase da operação foi denominada "Acarajé" porque este era o termo usado por alguns dos investigados ao se referir a dinheiro em espécie.
Leia a íntegra da nota do Coletivo de Entidades Negras:
O Coletivo de Entidades Negras, CEN, organização nacional do Movimento Negro que tem, entre outros temas, a defesa das religiões de matrizes africanas, vem a público apresentar seus mais veementes protestos e repúdio à operação da Polícia Federal batizada de Operação Acarajé. Nada justifica a escolha deste nome e exigimos sua imediata alteração.
O acarajé é alimento sagrado para as pessoas que, em todo o país cultuam os Orixás. Há pouco tempo, na Bahia, o acarajé foi objeto de disputa jurídica entre o povo de santo e os evangélico-pentecostais que queriam rebatiza-lo de bolinho de Jesus para, assim, poder comercializa-lo. O povo de santo venceu a pendenga apresentando a sacralidade do alimento que é intimamente relacionado à Orixá Oya.
Nosso repúdio vem no sentido do total desrespeito religioso a um elemento sagrado do Candomblé, desrespeitando assim, de forma acintosa, toda a tradição e história dessa religião no Brasil.
Afirmamos que Orixá e o povo de santo nada tem com a roubalheira que assola o país. O que repudiamos é ver nossa religiosidade vinculada a uma operação para prender bandidos. Isso, para nós e toda nossa comunidade religiosa, é inaceitável. (As informações do Correio)
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