No dia em que uma forte frente fria chegou ao estado, o governador Rui Costa (PT) admitiu nesta quinta, 30, pela primeira vez, que pode haver racionamento de água em Salvador e cidades da região metropolitana, caso não chova o suficiente para alimentar os seis reservatórios que abastecem a região. Ele preferiu não determinar prazo, mas afirmou que a situação é "gravíssima". O secretário de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, Cássio Peixoto, disse ao A TARDE que o risco de racionamento é de 50%.
Rui disse que vai continuar investindo "fortemente" em comunicação para que as pessoas economizem água. Mas que, "se a situação apertar, não restará alternativa a não ser o racionamento". Ou seja, o governo aposta em três frentes: propaganda para incentivar uso racional da água e intervenções emergenciais para captar água de outros mananciais. A terceira é a torcida para que chova muito.
Apesar dos temporais de ontem, a assessoria de imprensa da Embasa, empresa pública que faz a gestão do fornecimento de água, informou que ainda não havia informação sobre impactos nos mananciais que abastecem os seis reservatórios da Grande Salvador. A atualização deve ser feita hoje. O último boletim foi divulgado na quarta. A meteorologia prevê mais chuvas nos próximos dias [leia na p. A6].
"A situação é gravíssima, em função da escassez de chuva. Tomara que esse volume [aponta para a chuva] caia nos reservatórios para que a gente possa reverter a situação (...). Se chover bastante esses dias, pode ser que se recupere esse nível, vamos esperar dois, três dias de chuva e, após isso, fazer balanço do quanto e se recuperou, e ver o fôlego que nós temos. Se não recuperar nada, devemos começar a falar de racionamento", disse Rui Costa após solenidade de posse do Conselho das Cidades [leia ao lado].
Empenho - O secretário de Infraestrutura hídrica, Cássio Peixoto, em entrevista ao A TARDE, disse que "hoje o risco de racionamento é de 50%. Mas todo empenho está sendo feito para evitá-lo". Segundo ele, há reuniões semanais com o governador e órgãos envolvidos para avaliar a situação: "Esse trabalho está em curso e, ontem [quarta-feira], tivemos discussão até 21h30 com o governador, Embasa e outros órgãos envolvidos, de modo que possamos ter a oferta de água, ainda que em momento de crise como estamos vivendo".
O volume útil das barragens é calculado entre o nível máximo e o mínimo de captação da água. No mais recente boletim da Embasa, que mostra percentuais de quanto se consegue captar de água, a única barragem com nível acima de 50% é a de Joanes 1. Todas as outras estão com volume abaixo de 29%. Os percentuais são os seguintes: Pedra do Cavalo (23,26%), Joanes 1 (60,45%), Joanes 2 (8,25% ), Ipitanga 1 (18,16% ), Ipitanga 2 (28,52%) e Santa Helena (9,83%).
Previsão - Entre as obras emergenciais que estão sendo realizadas pelo governo para que a água que abastece a capital e cidades vizinhas não escasseie ainda mais, está a reversão das águas do rio Jacumirim (Dias D'Ávila) para o lago de Santa Helena. O governo investe, ainda, R$ 400 milhões para buscar mananciais no litoral norte, do rio Pojuca, e trazer água para Salvador.
O Instituto de Meio Ambiente (Inema) divulgou boletim, ontem, no qual prevê chuva hoje e nos próximos dias, na capital e interior do estado, com volumes mais expressivos no Recôncavo (onde está a barragem de Pedra do Cavalo) e região nordeste da Bahia. Contudo, antes que chova não é possível determinar impactos sobre a captação nos reservatórios da região metropolitana. (As informações do A Tarde)
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