Priorizar o transporte público e desestimular o individual, tornando-o mais custoso. Esta foi a solução apontada para um grave problema de Salvador: a mobilidade urbana. A proposta foi levantada durante o primeiro dos cinco encontros mensais do ciclo Salvador em Debate, promovido pelo Grupo A TARDE na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Participaram secretários estaduais e municipais, membros de entidades de classe e de ONGs ligadas ao transporte e intelectuais.
Segundo o coordenador de planejamento de transportes da Secretaria Municipal de Urbanismo e Transporte (Semut), Francisco Ulisses, problemas relacionados à mobilidade urbana são resolvidos com "transporte público de qualidade". Já os congestionamentos, com "restrições ao uso do carro".
Para ilustrar, Ulisses citou a Avenida Paralela, uma das mais movimentadas da capital baiana. Segundo ele, no pico da manhã, por volta das 7h, há em média 17.600 pessoas que transitam em 200 ônibus. Já quatro mil carros, no mesmo horário, transportam 6.200 pessoas. "Basta olhar a proporção e ver quem está engarrafando a cidade. É desigual o uso do espaço. Temos que dificultar o uso do carro e restringir estacionamento. Temos que começar a apertar", afirmou.
No debate, o arquiteto Carl von Hauenschild ressaltou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "Com o estímulo na venda de veículos, passamos de cerca 11 milhões de veículos para 20 milhões em menos de dez anos. O mesmo aconteceu com as motocicletas, que passaram de quatro milhões para 18 milhões", disse. No entanto, Carl disse que não devem ser criadas soluções pontuais sem a identificação de impactos. "É preciso criar uma rotina de análise dos impactos causados pelos programas políticos", salientou.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Horácio Brasil, criticou o "marketing automobilístico", que promove o estímulo ao uso do carro. "A gente vai ter melhoria quando a sociedade deixar de pensar que o transporte público é negócio para pobre", disse. Os integrantes do encontro desta quarta-feira, 28, salientaram, ainda, a necessidade de se criar um planejamento para as ações de combate ao problema da mobilidade.
"O planejamento deve ser feito com a participação da população e sem levar em conta questões eleitoreiras. Não podemos permitir valores que atendam somente à iniciativa privada", afirmou Carl von Hauenschild. Depois da mobilidade urbana, o próximo encontro, no dia 30/9, vai debater o tema Segurança Pública, com o coronel da PM do Rio de Janeiro Mário Sérgio Duarte, ex-comandante do Bope. (As informações do A Tarde)
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