Por: Antonio Imbassahy*
O Tribunal de Contas da União decidiu excluir a presidente Dilma Rousseff e demais ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras da relação de responsáveis pelo prejuízo bilionário causado pela compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Pelo menos por ora, já que o relator do caso, ministro José Jorge, avisou que os conselheiros também poderão entrar na lista se fatos novos surgirem. E isso não será difícil, já que o próprio tribunal abriu uma Tomada de Contas Especial, para aprofundar as investigações, e há uma CPI Mista em andamento no Congresso.
Foram responsabilizados 11 diretores ou ex-diretores da estatal, entre eles José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, preso sob a acusação de lavagem de dinheiro. Todos tiveram os bens declarados indisponíveis para que se discuta a necessidade de devolução aos cofres da Petrobras de US$ 792,3 milhões.
Este é o tamanho do prejuízo apurado até agora pelo TCU na criminosa compra da refinaria de Pasadena pela estatal. E enquanto o Governo Federal comemorou a decisão do TCU e, assim, o prejuízo à Petrobras, Dilma copia Lula: não sabe de nada, não viu nada e ninguém a avisou.
Não creio que a presidente Dilma escape de ser responsabilizada. No mínimo, ela tem responsabilidade moral sobre o negócio. Para relembrar: a refinaria foi comprada pela Petrobras por US$ 1,25 bilhão da belga Astra Oil, que adquirira o empreendimento por US$ 42,5 milhões um ano antes. Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras em 2006 e aprovou a compra.
Questionada, alegou que concordou com a aquisição porque se baseou em um resumo falho, de duas páginas e meia. Escreveu ela mesma a resposta à imprensa, depois de ter rasgado a nota sobre o negócio preparada pela presidência da Petrobras. Tamanha fúria tem explicação: a presidente sabia que poderia ser acusada de crime de responsabilidade por não ter barrado tal operação. Que boa gestora autorizaria um negócio bilionário como se estivesse comprando uma caixa de bananas?
O PT não dá ponto sem nó. Com a responsabilização apenas de diretores e ex-diretores, Dilma tirou o corpo fora e transferiu a culpa para seus subordinados. Conforme a imprensa, o ex-presidente Lula comandou a operação para que o TCU livrasse Dilma. O comando foi dado a José Múcio Monteiro, ex-ministro de Lula e indicado por ele ao TCU, dois dias antes de o tribunal analisar o caso.
A operação para tentar blindar Dilma é bem visível. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em abril, Gabrielli foi taxativo: “não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do Conselho”. Na CPI do Senado, um mês depois, Gabrielli recuou e aliviou para a presidente.
Certamente foi enquadrado pelo PT. O que se fala e o que se acorda numa conversa dessas, que faz o cidadão mudar de posição tão radicalmente e rapidamente, suscitam a curiosidade de qualquer um. O que teriam os interlocutores da presidente Dilma dito e prometido a Gabrielli? A troco de quê ele teria recuado? Ou teria Gabrielli caído na conversa do PT, assumido a bronca, e sido abandonado?
Em se tratando do governo do PT, nada acontece por acaso. Há uma estratégia por trás de tudo. E, pelo visto, também neste caso de Pasadena, o PT, de Lula e Dilma, está disposto a entregar os anéis para preservar os dedos. É o sentimento que se tem a partir do que já se viu. No imaginário coletivo, os mensaleiros presos na Papuda agiram em benefício de algo ou de alguém. Mas, tiveram de assumir a responsabilidade e estão lá, no calabouço.
Dilma é sim responsável pela operação criminosa que prejudicou a Petrobras e, por tabela, os brasileiros. Temos de confiar que as investigações terminarão por responsabilizá-la. Enquanto isso, diretores e ex-diretores da estatal vão pagar caro. Pelo que vimos até agora, o PT os abandonou. E os brasileiros, que ficaram com a conta do prejuízo, saberão dar a resposta certa a todas essas maracutaias.
*Antonio Imbassahy é líder do PSDB na Câmara dos Deputados
Nenhum comentário:
Postar um comentário