Autoridades pernambucanas não descartam que a insatisfação de presos com as más condições do sistema carcerário do estado pode ter sido manipulada por grupos criminosos para produzir as cenas de violência e descontrole registradas nos últimos três dias, no Complexo Prisional do Curado, no Recife. Um sargento da Polícia Militar e dois detentos foram mortos antes que a rebelião chegasse ao fim, na noite de quarta-feira (21). Dezenas de encarcerados ficaram feridos – parte deles está detida em caráter provisório, à espera de julgamento. “Os presos foram usados como massa de manobra. Não tenho a menor dúvida. Falta identificarmos a origem disso”, declarou o juiz Luiz Rocha, da 1ª Vara de Execuções Penais, no Recife.
O juiz disse achar estranho que os protestos contra sua atuação no comando da 1ª Vara tenham ultrapassado os muros do Complexo do Curado – que está sob sua jurisdição – e chegado à Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá – sob a responsabilidade da 2ª Vara. Para o magistrado, isso é um sinal de que faltaram aos presos informações e conhecimento sobre o sistema jurídico. A prova, aponta o juiz, é que muitos detentos que aderiram aos violentos protestos ainda não foram julgados. Seus processos, portanto, tramitam em outras varas, de outras comarcas. Além disso, segundo o magistrado, apenas cerca de 200 dos mais de 6 mil presos do Curado tinham pedido a progressão do regime ou o livramento condicional.
“Por algum motivo, os presos passaram a acreditar que todos os processos eram da minha responsabilidade e que eles não eram chamados para audiências porque eu não permitia. E então, o que começou como uma revolta contra minha atuação, acabou chegando a uma unidade prisional que não está sob a minha jurisdição, como se fosse um movimento articulado”, disse o magistrado, defendendo que a hipótese de os tumultos terem sido coordenados por alguma organização criminosa também deve ser apurada.
O promotor Marcellus Ugiette, que visitou quarta-feira (21) a Penitenciária Barreto Campelo, diz ter notado que há comunicação entre os presos das duas unidades onde ocorreram problemas. Para o promotor, organizações criminosas que atuam dentro e fora dos presídios podem estar por trás dos tumultos dos últimos dias. (As informações do Estadão)
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