quarta-feira, 26 de junho de 2013

ENTIDADE APONTA 'LIMPEZA HUMANA' NAS RUAS DE SALVADOR

Integrantes do Movimento Nacional da População de Rua denunciou à Defensoria Pública do Estado da Bahia que a prefeitura da capital estaria retirando deliberadamente moradores de rua do Centro da cidade e arredores da Arena Fonte Nova. O motivo seria a Copa das Confederações.
A principal consequência disso é a superlotação da Casa de Saúde Ana Nery, antiga clínica de saúde mental, localizada no largo da Soledade (Liberdade), que atualmente abriga mais de 600 pessoas.

A Defensoria Pública agendou para a manhã desta quarta-feira, 26, uma visita ao local que, segundo os denunciantes, apresenta sérios problemas estruturais para o acolhimento das famílias. As condições estruturais ruins do local podem ser observadas mesmo do lado de fora.

Além da fachada degradada, nas proximidades do casarão há grande quantidade de lixo acumulado. Pela porta da recepção foi possível observar a chegada de alguns móveis estragados e eletrodomésticos enferrujados. Nos fundos do imóvel, há paredes mofadas, mau cheiro e água acumulada; janelas e portas danificadas podem ser vistas na área que, segundo moradores das proximidades, serve como área de lazer dos abrigados.

Condições - As condições atuais do imóvel estão distantes das recomendações do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para alojamento de pessoas em situação de rua. A situação também vem desagradando moradores das proximidades do largo da Soledade. Vizinhos se queixam que, no último mês, teria ocorrido aumento do número de assaltos no bairro.

"Da minha casa consigo ouvi-los planejando roubos. Sei que há ali pessoas de bem, que só querem um teto, mas também há bandidos lá dentro", reclama uma moradora. Um outro vizinho, que também opta pelo anonimato, denuncia que alguns dos moradores da casa usariam drogas durante todo o dia na área aberta do imóvel.

Uma abrigada garante que a filha dela, que também é moradora do local, teria dado à luz uma criança há pouco tempo.

Estrutura - "É preciso garantir uma moradia digna para essas pessoas", diz a defensora pública, da área de direitos humanos, Fabiana Almeida. De acordo com a coordenadora do movimento de moradores de rua, Maria Lúcia Santos Pereira, o local encontra-se lotado e não oferece um acompanhamento digno.

"Não há alimentação suficiente, existem pessoas dormindo no chão. Da forma como está funcionando hoje o lugar mais parece um depósito de gente", lamenta. A coordenadora afirma que nos últimos dias chegaram até o movimento dezenas de denúncias sobre abordagens "violentas e arbitrárias" de servidores da prefeitura, com o objetivo de levar pessoas até o local à força.

"Com a proximidade da Copa das Confederações, recebemos queixas das mais diversas formas de abordagens violentas, sobretudo a pessoas que viviam na área do Dique do Tororó. É uma situação absurda, que não pode estar acontecendo", aponta. (As informações do A Tarde)

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