Os protestos das últimas duas semanas evidenciaram que Polícia Militar precisa repensar as estratégias para lidar com distúrbios civis. As técnicas policiais para ao mesmo tempo garantir a ordem e preservar a integridade física dos manifestantes se mostraram ultrapassadas e pouco eficientes para lidar com as ações ocorridas nas duas últimas semanas. A opinião é de coronéis ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“Se você olhar as imagens das ações da PM hoje e compará-las às de 1968 verá que pouca coisa mudou na forma de agir. Muita coisa mudou no mundo, inclusive a forma de protestos. Vimos isso na Primavera Árabe e no Occupy Wall Street. As técnicas da PM devem se atualizar para garantir a segurança pública sem o viés autoritário de antigamente”, afirma o tenente-coronel da reserva Adilson Paes de Souza, mestre em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da USP.
A avaliação de coronéis da ativa ouvidos pelo Grupo Estado é de que os erros da PM em São Paulo foram fundamentais para ampliar a dimensão das passeatas. O primeiro equívoco foi de planejamento das operações. Na terceira passeata, a demora em usar a Tropa de Choque e o subdimensionamento da operação expuseram policiais a riscos. Imagens de PMs quase linchados repercutiram e atingiram o ânimo das tropas.
Os consequentes excessos da Tropa de Choque na passeata seguinte foram considerados o combustível para que multidões fossem às ruas na segunda-feira, 17. Alguns oficiais ainda não entendem como a Tropa de Choque, treinada para enfrentar provocações, cometeu equívocos tão graves, como disparar balas de borracha em direção à cabeça dos manifestantes. As normas determinam que as balas atinjam áreas não vitais. Outro erro foi a falta de inteligência. PMs não conheciam o movimento, seus integrantes mais moderados e radicais. (As informações do Estadão)
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